Em artigos anteriores, já mencionei a importância deste tipo de grupos para o cuidador de idosos e para o próprio idoso que, indiretamente, se beneficia muito com esta experiência. Hoje, o artigo visará aprofundar um pouco mais a questão dos grupos de ajuda mútua como, por exemplo, da ABRAz, AMIPAR (Associação Amigos do Parkinson), dentre outras instituições. Procure se informar sobre a existência de grupos em sua cidade, já que muitos são pouco freqüentados porque as pessoas não sabem que eles existem nem quando e aonde funcionam. Normalmente, são abertos ao público.
O que acontece nestes grupos? Acontecem reuniões periódicas (mensais, quinzenais, semanais, ou em outra periodicidade) com a participação de cuidadores familiares, cuidadores de idosos profissionais e profissionais multidisciplinares como geriatras, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, fonoaudiólogos, dentre outros que podem auxiliar idosos e familiares. Estes profissionais podem ser voluntários, afiliados a associações sem fins lucrativos, funcionários de órgãos de saúde pública ou mesmo profissionais particulares que atuam com esta finalidade.
Segundo Neri e Carvalho (2002), são três as finalidades destes grupos:
- Ajudar e apoiar os membros a superar os acontecimentos vitais estressantes: Na ABRAZ, por exemplo, as reuniões são voltadas para o cuidador do portador da Doença de Alzheimer. Neste sentido os profissionais e os demais cuidadores estão sempre prontos a auxiliar familiares que se encontram desesperançosos e com medo em relação à doença, tristes pelo diagnóstico ou pela perda de algum familiar que foi vítima da doença.
- Promover a troca de informações: Esta é uma parte muito importante. As reuniões são veículos de informações essenciais à qualidade de vida do idoso e do cuidador. Cada profissional expõe o problema e sugere possíveis soluções a partir da sua área de atuação. Sabe-se que o cuidador bem informado tem melhores condições de proporcionar cuidados de qualidade ao idoso dependente. Ao mesmo tempo, ele também pode aprender a evitar a sobrecarga e o estresse – eventos que infelizmente podem fazer parte da rotina do cuidador, influenciar negativamente em sua qualidade de vida e, consequentemente, na do idoso assistido por ele.
- Ensinar novos procedimentos relacionados ao cuidado a partir da experiência de outros cuidadores que também já passaram pela mesma situação. Não é espaço apenas para a transmissão de informações de profissionais para leigos. O objetivo maior é a troca de informações, independente de ser um profissional ou um familiar, um pode aprender com a experiência do colega. A partir do relato de situações já vividas por outros integrantes do grupo o familiar pode aprender o que fazer quando estiver na mesma situação e, principalmente, o que nunca fazer em determinados casos. Às vezes aprendemos melhor situações deste tipo pela via da prática, não somente pela teoria.
Normalmente, as reuniões são direcionadas para o cuidador, para que ele possa perceber de perto que outras pessoas passam pela mesma situação que eles, além de receberem informações que podem auxiliar no convívio com o portador. Ocorre também a distribuição de informativos impressos, os quais os cuidadores podem ler, aprender e depois repassá-los a outras pessoas que também podem se beneficiar de seu conteúdo.
Perceber que não está sozinho, que outras pessoas também passam por situações parecidas ou ainda mais difíceis ajuda o cuidador a enfrentar os desafios de cada dia. Ele pode perceber, na prática, que quando algum profissional fala que certas reações não são do portador, mas sim da doença é uma grande verdade. Em momentos em que geralmente ocorre um afastamento dos parentes e dos amigos o cuidador pode desenvolver laços de amizade com pessoas que passam pelas mesmas situações e este suporte social, esta sensação de acolhimento, podem garantir mais forças a ele.
Uma vez, uma cuidadora me disse que não freqüenta estes grupos, pois acredita que se sentiria mal escutando relatos assustadores. O que vocês acham? Eu acredito que não. A realidade pode mesmo ser muito dura em certas situações, mas a sensação de não estar sozinho, de não ser o único que passa por isso e de saber o que está acontecendo e como agir pode ser um grande apoio nas horas difíceis.
Infelizmente, nem todos os cuidadores têm condições de se ausentar de casa para comparecerem às reuniões. Pensando nisso, iniciativas como a do nosso site procuram trazer informação a idosos e cuidadores, além de funcionarem como canais de interação entre idosos, cuidadores e profissionais da gerontologia, da mesma forma que acontece nas reuniões presenciais, com a vantagem disso poder acontecer na melhor hora para o cuidador.
Luciene C. Miranda
Psicóloga - lucienecm@yahoo.com.br
Fonte:http://www.cuidardeidosos.com.br/grupos-de-ajuda-mutua/
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