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sábado, 10 de julho de 2010

Grupos de Ajuda Mútua.




Em artigos anteriores, já mencionei a importância deste tipo de grupos para o cuidador de idosos e para o próprio idoso que, indiretamente, se beneficia muito com esta experiência. Hoje, o artigo visará aprofundar um pouco mais a questão dos grupos de ajuda mútua como, por exemplo, da ABRAz, AMIPAR (Associação Amigos do Parkinson), dentre outras instituições. Procure se informar sobre a existência de grupos em sua cidade, já que muitos são pouco freqüentados porque as pessoas não sabem que eles existem nem quando e aonde funcionam. Normalmente, são abertos ao público.

O que acontece nestes grupos? Acontecem reuniões periódicas (mensais, quinzenais, semanais, ou em outra periodicidade) com a participação de cuidadores familiares, cuidadores de idosos profissionais e profissionais multidisciplinares como geriatras, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, fonoaudiólogos, dentre outros que podem auxiliar idosos e familiares. Estes profissionais podem ser voluntários, afiliados a associações sem fins lucrativos, funcionários de órgãos de saúde pública ou mesmo profissionais particulares que atuam com esta finalidade.

Segundo Neri e Carvalho (2002), são três as finalidades destes grupos:

  1. Ajudar e apoiar os membros a superar os acontecimentos vitais estressantes: Na ABRAZ, por exemplo, as reuniões são voltadas para o cuidador do portador da Doença de Alzheimer. Neste sentido os profissionais e os demais cuidadores estão sempre prontos a auxiliar familiares que se encontram desesperançosos e com medo em relação à doença, tristes pelo diagnóstico ou pela perda de algum familiar que foi vítima da doença.
  2. Promover a troca de informações: Esta é uma parte muito importante. As reuniões são veículos de informações essenciais à qualidade de vida do idoso e do cuidador. Cada profissional expõe o problema e sugere possíveis soluções a partir da sua área de atuação. Sabe-se que o cuidador bem informado tem melhores condições de proporcionar cuidados de qualidade ao idoso dependente. Ao mesmo tempo, ele também pode aprender a evitar a sobrecarga e o estresse – eventos que infelizmente podem fazer parte da rotina do cuidador, influenciar negativamente em sua qualidade de vida e, consequentemente, na do idoso assistido por ele.
  3. Ensinar novos procedimentos relacionados ao cuidado a partir da experiência de outros cuidadores que também já passaram pela mesma situação. Não é espaço apenas para a transmissão de informações de profissionais para leigos. O objetivo maior é a troca de informações, independente de ser um profissional ou um familiar, um pode aprender com a experiência do colega. A partir do relato de situações já vividas por outros integrantes do grupo o familiar pode aprender o que fazer quando estiver na mesma situação e, principalmente, o que nunca fazer em determinados casos. Às vezes aprendemos melhor situações deste tipo pela via da prática, não somente pela teoria.

Normalmente, as reuniões são direcionadas para o cuidador, para que ele possa perceber de perto que outras pessoas passam pela mesma situação que eles, além de receberem informações que podem auxiliar no convívio com o portador. Ocorre também a distribuição de informativos impressos, os quais os cuidadores podem ler, aprender e depois repassá-los a outras pessoas que também podem se beneficiar de seu conteúdo.

Perceber que não está sozinho, que outras pessoas também passam por situações parecidas ou ainda mais difíceis ajuda o cuidador a enfrentar os desafios de cada dia. Ele pode perceber, na prática, que quando algum profissional fala que certas reações não são do portador, mas sim da doença é uma grande verdade. Em momentos em que geralmente ocorre um afastamento dos parentes e dos amigos o cuidador pode desenvolver laços de amizade com pessoas que passam pelas mesmas situações e este suporte social, esta sensação de acolhimento, podem garantir mais forças a ele.

Uma vez, uma cuidadora me disse que não freqüenta estes grupos, pois acredita que se sentiria mal escutando relatos assustadores. O que vocês acham? Eu acredito que não. A realidade pode mesmo ser muito dura em certas situações, mas a sensação de não estar sozinho, de não ser o único que passa por isso e de saber o que está acontecendo e como agir pode ser um grande apoio nas horas difíceis.

Infelizmente, nem todos os cuidadores têm condições de se ausentar de casa para comparecerem às reuniões. Pensando nisso, iniciativas como a do nosso site procuram trazer informação a idosos e cuidadores, além de funcionarem como canais de interação entre idosos, cuidadores e profissionais da gerontologia, da mesma forma que acontece nas reuniões presenciais, com a vantagem disso poder acontecer na melhor hora para o cuidador.

Luciene C. Miranda

Psicóloga - lucienecm@yahoo.com.br

Fonte:http://www.cuidardeidosos.com.br/grupos-de-ajuda-mutua/

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