Sinopse: Grant (Gordon Pinsent) e Fiona (Julie Christie) formam um casal feliz, que tem sua vida abalada quando ela apresenta alguns graves sintomas, como perda de memória. Logo vem a confirmação: Fiona está com a Doença de Alzheimer. Relutante a princípio, ela passa a aceitar a doença e se interna numa clínica. Uma das regras do local é que os pacientes não recebam visitas durante seus primeiros 30 dias. Quando Grant finalmente consegue vê-la, ela já não o reconhece mais. Fiona está agora afeiçoada por Aubrey (Michael Murphy), outro paciente da clínica, o que faz com que Grant tenha que se contentar com sua nova condição de amigo ao mesmo tempo em que tenta ajudá-la a se lembrar do passado.
O filme retratado no Canadá consegue expor de maneira muito delicada a relação de um casal de idosos (Grant e Fiona), que vêem suas vidas serem alteradas, na medida
A doença de Alzheimer atinge pessoas com mais de 65 anos de idade e é considerada uma doença degenerativa, com manifestações múltiplas, de diferentes intensidades. A perda de memória recente é o sintoma inicial mais comum. Os sintomas podem progredir para dificuldades na linguagem, perdas de funções de percepção e/ou execução de movimentos, havendo uma perda gradativa das capacidades cognitivas no indivíduo, culminando com uma perda total da autonomia.
A primeira parte do filme reflete o inicio da doença em Fiona, que começa a apresentar dificuldades com a linguagem, esquecendo a correta conjugação dos verbos; a mesma sai para um passeio e não volta para casa; a boca do fogão não é desligada, entre outros. A partir daí há uma mudança na relação do casal, no qual Grant (Gordom Pinset) acaba tendo que se responsabilizar por alguns tipos de cuidados com sua esposa.
É esta alteração do cotidiano que faz com que Fiona e Grant discutam a possibilidade de ela ir para uma Instituição de Longa Permanência, que poderá fornecer um cuidado mais especializado. A última decisão fica por conta de Fiona, que segue para uma Instituição. A partir daí há todo o desenrolar da história, havendo um nítido agravamento da doença, paralelo ao sofrimento de Grant em lidar com esta situação.
A ILPI para o qual Fiona foi conduzida aparenta possuir uma estrutura capaz de acolher a personagem e atendê-la nas suas necessidades. Porém percebe-se que há somente um atendimento para os moradores, aqueles que estão usufruindo dos serviços e não é levado em consideração a estrutura familiar que está por trás desse paciente, que sofre e talvez necessite mais de um acompanhamento do que o próprio internado.
É papel da instituição dar conta desta demanda e fornecer um suporte médico e psicológico para os familiares/ cuidadores. O psicólogo interviria aqui, acompanhando Grant, por exemplo, para que o mesmo pudesse aos poucos se estabilizar emocionalmente com esta nova forma de viver, a partir de uma ajuda terapêutica /psicológica que abarcasse sua visão do Alzheimer, sua tomada de decisão pela instituição, suas perspectivas; enfim, seu mundo.
Acredito que em todo o filme o amor de Grant por Fiona se sobressai. Sua atenção pela mulher, que passa a visitar cotidianamente na Instituição, apesar de Fiona já estar com um grau elevado de perda de memória, não se lembrando mais dele, é somente um dos pontos que reflete este cuidado que está além de uma obrigação. Este filme retratou para mim, a imagem de um envelhecimento saudável, na medida em que havia vida naquele casal, uma vontade de se viver, de se relembrar momentos e fazer dessas lembranças passadas um elo para se seguir em frente, apesar da doença, dos sofrimentos e de todas as dificuldades que ainda iriam por vir.
Por Tayná S. de Brito*
Ruth Gelehrter da Costa Lopes**
Diretamente para o Portal
*Aluna regular do Curso de Psicologia, da PUC-SP
**Professora da eletiva “Velho DO e NO Cinema: olhares e imagens do envelhecimento humano”, do Curso de Psicologia, PUC-SP, segundo semestre de 2009.
Fonte: http://www.portaldoenvelhecimento.net/principal/principal.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário