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segunda-feira, 7 de junho de 2010

O pudor e a privacidade.





Percebo que, muitas vezes, as famílias, os cuidadores e os profissionais da saúde, ao cuidarem da higiene do idoso, deixam de lado algo extremamente importante: o respeito ao seu pudor e à sua privacidade.
Ultimamente, as pessoas, de maneira geral, já possuem uma postura um tanto mais “aberta” em relação ao tema, por mais que se sintam envergonhados em determinadas situações, como exames médicos mais íntimos, ao serem submetidos a um banho de leito, dentre outras situações respondem a isto com mais naturalidade.
Até a mídia mostra isto com clareza: é comum nos depararmos com cenas exibidas na TV que, independente do conteúdo, mostram pessoas jovens semi-nuas, sejam em cenas de sexo, de nudez artística, ou mesmo relacionadas a cuidados de saúde. Sinceramente, não consigo me lembrar de já ter visto um ator idoso numa destas cenas; se existem são em proporção bem menor do que a de atores jovens.
Culturalmente o idoso é mais reservado quanto à exposição do corpo. Já ouvi histórias de idosas que nunca viram o corpo de seus maridos e vice-versa. Ou ainda de idosos(as) cujos filhos(as) nunca a haviam visto nus(as), mesmo sendo os filhos do mesmo sexo.
A maioria dos idosos lúcidos tem grande preocupação com o pudor e sentem-se extremamente constrangidos, quando sua intimidade precisa ser revelada a alguém. Sabemos que em vários momentos estas situações são inevitáveis, especialmente quando ficamos doentes. Quando uma hospitalização se faz necessária, é ainda mais provável que algum profissional irá lidar muito de perto com nossa intimidade.
Em relação aos idosos, especialmente aqueles que estão lúcidos, a família, o cuidador e os profissionais de saúde devem agir de forma humanizada, sempre que possível respeitando o pudor do paciente e, em situações onde isto é inevitável, devem agir de forma a deixá-lo com o menor constrangimento possível. Nestes casos, por mais natural que possa parecer para um de nós receber, por exemplo, um banho de leito, para o idoso, especialmente aquele que foi criado numa educação mais conservadora, não é fácil entender que esta é uma prática corriqueira para os profissionais de saúde, independente de serem do sexo feminino ou masculino, e não um motivo de vergonha. Em sua formação estes profissionais aprendem a lidar com a intimidade do paciente com ética e respeito.
O idoso que tem condições de cuidar de sua própria higiene, mesmo que com certa dificuldade, demonstra ter autonomia, e familiares e cuidadores devem estimular para que isto aconteça. O diferencial é garantir segurança a ele, visto que a maioria dos acidentes domésticos acontece no banheiro. Por que não levar uma cadeira higiênica para o banheiro e permitir que o idoso mesmo se ensaboe e escove seus dentes (visto que as próteses dentárias ou dentaduras também costumam ser motivo de constrangimento para muitos idosos)?
Quando realmente não houver mais condições, é aconselhável que um familiar do mesmo sexo do idoso auxilie nestas tarefas, e esta pessoa deve sempre tomar o cuidado de não deixá-lo mais constrangido com comentários indesejáveis ou olhares inadequados. Demonstrar naturalidade é uma forma de deixar o idoso mais à vontade e a partir do momento que ele se acostumar com esta nova rotina e com a pessoa que irá auxiliá-lo, tudo ficará mais fácil. No caso de contratar um cuidador, dê preferência a uma pessoa do mesmo sexo do idoso, o que pode deixá-lo menos constrangido.
No caso do idoso portador de demência, esta pode não ser mais uma preocupação tão relevante, visto que em estágios mais avançados eles não possuem mais a noção do pudor, tanto que muitos passam a desenvolver uma atitude desinibida em público, quando se despem ou fazem suas necessidades na frente de outras pessoas, sem se dar conta do que está acontecendo. Nestes casos, não fará grandes diferenças preocupar-se que uma pessoa do mesmo sexo cuide da higiene do idoso. Porém, independente do sexo do familiar, cuidador ou profissional da enfermagem que irá realizar este cuidado, é importantíssimo que esta pessoa se preocupe em não expor o paciente. Mesmo se o idoso não se sente mais constrangido nestas situações, a pessoa que realiza o cuidado não deve deixá-lo exposto sem necessidade, deve preocupar-se em manter o idoso vestido ou pelo menos coberto, ao acompanhá-lo ao banheiro deve manter a porta fechada e num banho de leito é importante fechar a porta, quando isso não for possível deve colocar um biombo e permitir a presença apenas de pessoas que estejam envolvidas com a tarefa.
De maneira geral, o cuidador, o familiar e o profissional da saúde devem se lembrar que não basta apenas administrar técnicas para realizar atividades, é necessário agir de maneira humanizada, respeitando o idoso e cuidando de forma a garantir a o menor constrangimento possível e dignidade.


Luciene C. Miranda Psicóloga - lucienecm@yahoo.com.br
Fonte: http://www.cuidardeidosos.com.br/o-pudor-e-a-privacidade/

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