Um bom Filme.

Copacabana ontem e hoje

Por Dorli kamkhagi

Copacabana, de Carla Camurati (2001) é um filme, entre outros do cinema nacional, que faz referência ao tema do envelhecimento/finitude. O cenário do filme se passa, evidentemente, em Copacabana, um bairro antigo do Rio de Janeiro, vivenciando um momento de transformação. Afinal, Copacabana que já foi a “princesinha do mar”, agora é palco de um mundo que acolhe diferentes formas de subjetivação. Outrora, o bairro antigo da cidade carioca refletia o poder da alta classe média abastada; hoje, sobrevive da classe média empobrecida e de certa forma decadente.

Ali convivem as diferenças. Todas bem-vindas, talvez pela necessidade de aceitação da vida real, que não é apenas a sonhada, idealizada. O filme, em branco e preto (no início), mostra a panorâmica do bairro, ao som da valsa de Strauss, Danúbio Azul. A câmera, que havia percorrido a praia, nos lança em seguida ao Sol. Mais precisamente ao nascer do Sol.

Com esta mudança de cena, percebe-se que a entrada num outro registro temporal. Percorre-se uma trajetória e sai-se de um passado, para adentrar no presente. O filme ganha, então, literalmente, cor.

As questões do envelhecimento não são apenas contidas no aumento de idosos. O envelhecimento passa a ganhar uma maior visibilidade, na medida em que se percebe a questão social que ele impõe. Este filme vai além das questões apontadas pela mídia, embora ele seja um produto da nossa cultura. Ele transcende, pois consegue falar dos amores, das dores, dos infortúnios sem nunca tirar o aspecto humano mais importante: a capacidade de desejar, a capacidade de escolher. Escolha que pode ter, em última instância, a própria morte, através da apropriação da história de vida pessoal, única e intransferível. A vida como dádiva singular.

O filme nos leva a acreditar que a arte, em alguns momentos, é a única forma que pode expressar as emoções, transcendendo todos os espaços.

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